quarta-feira, 26 de junho de 2013

Para que serve a ABIN?

Artigo de André Soares - 26/06/2013

Servidores da Agência Brasileira de Inteligência afirmam que há uma tentativa de militarização da atividade (Ed Alves/CB/D.A Press - 20/9/12)




“Para que serve a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)?” é uma das perguntas mais recorrentes dos governantes do país, formulada sistematicamente desde a sua criação em 1999, pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e atualmente pela presidenta Dilma Rousseff, em razão de sua escabrosa ineficiência. Porque é sobejamente notório que a ABIN é incompetente no cumprimento de sua missão institucional de antecipar oportunamente aos nossos governantes as graves ameaças que vitimam o estado brasileiro.
Contudo, assim como “o pior não tem limite”, a incompetência da ABIN também não tem. Porque a ineficiência do principal serviço secreto do país chegou ao cúmulo de não conseguir prever e antecipar tempestivamente à presidência da república a onda de manifestações populares que eclodiram recentemente em todo o Brasil e que, a despeito da sua legitimidade, vem sendo infiltrada por diversos grupos criminosos, realizando graves contingências à segurança pública.
Parece inacreditável, mas a ABIN, como órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), mesmo com todo o seu orçamento e aparato nacional de inteligência à sua disposição, bem como com sua legião de arapongas espalhados por todo o país, empregando as técnicas operacionais mais sigilosas dos serviços secretos, não antecipou oportunamente à presidenta Dilma Rousseff sobre a recente onda de manifestações populares, que vem reunindo centenas de milhares de pessoas, as quais não foram planejadas em sigilo, mas sim espontaneamente e ostensivamente em todos os meios de comunicação, especialmente nas principais redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp.
Ou seja, a ABIN não antecipou o escandalosamente óbvio, que o Brasil e toda a sociedade sabiam. Aliás, para saber sobre a eclosão dessa importante realidade nacional, bastava aos dirigentes da ABIN conversarem com seus próprios filhos que, assim como milhares de jovens brasileiros, certamente sabiam como participaram desses eventos.
Contudo, a principal pergunta que mais incomoda os governantes do país não é “Para que serve a ABIN?”, mas “O que fazer com a ABIN?”.
 
 
“A Inteligência é um apanágio dos nobres. Confiada a outros, desmorona".
(Coronel Walther Nicolai - 1873/1934 - Chefe do Serviço de Inteligência do Chanceler Bismarck)

domingo, 9 de junho de 2013

General da ditadura tem filho na Abin

 
 


Fonte: EM.COM.BR
Publicação: 09/06/2013 07:00 Atualização: 09/06/2013 07:39

João Valadares


 
 
Brasília – O atual diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham, com acesso direto, pela natureza do cargo que ocupa, a informações que ainda não vieram à tona sobre desaparecidos políticos da ditadura, é filho do general da reserva José Antônio Nogueira Belham. O militar era o chefe do DOI-Codi do Rio de Janeiro na época em que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, após ser preso e levado para o departamento. Ao saber da informação por meio da reportagem, o filho de Rubens Paiva, o escritor Marcelo Rubens Paiva, afirmou que a relação de parentesco entre o número 2 da Abin e o general da reserva causa estranheza e extremo desconforto para a família. "O governo brasileiro precisa saber o que quer de verdade", disse.

O temor de Marcelo Rubens Paiva é de que, pela função de destaque que Ronaldo Martins Belham ocupa na Abin, ocorra algum tipo de filtragem institucional ou até obstaculação de informações essenciais que podem ajudar a desvendar a verdade histórica em relação à morte do pai. O corpo nunca apareceu. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) já publicou documento em que atesta que o general Belham recebeu, quando chefiava o DOI-Codi do Rio de Janeiro, dois cadernos de anotações que pertenciam a Rubens Paiva. O nome de Belham aparece escrito de caneta na folha amarelada como o responsável por receber o material. O subcomandante era o major Francisco Demiurgo Santos Cardoso. O documento que desmontou a versão do Exército foi encontrado, no fim do ano passado, pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na casa do coronel da reserva do Exército Julio Miguel Molinas, já falecido.

A CNV tenta localizar o general da reserva Belham para que ele possa ser ouvido e explicar as circunstâncias da madrugada de 20 de janeiro de 1971. "Imagine um dos filhos do Joseph Goebbels (ministro da propaganda de Adolf Hitler) com a chave de todos os arquivos de Nuremberg nas mãos. Sei que o general Belham ficou com os cadernos de anotações do meu pai. Há documentos que comprovam isso. Precisa ser investigado. Causa-me desconforto e estranheza saber que ele (Ronaldo) é filho do general Belham, mesmo que seja isento. Como, numa posição de destaque da Abin, ele vai facilitar a revelação de informações secretas que comprometam o pai?", questiona Marcelo Rubens Paiva.

Muitos dos quadros da Agência Brasileira de Inteligência, criada em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, são militares remanescentes do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI). Ronaldo Martins Belham ingressou no SNI na década de 1980, antes da criação da Abin e do primeiro concurso do órgão, em 1999. Ronaldo Belham chegou ao posto de número 2 da agência em setembro de 2009, durante o governo Lula. Antes, era chefe da Divisão de Pessoal da Abin. Ele chegou a ser cogitado para comandar a agência pela proximidade que o pai tinha com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional na época, Jorge Félix.

ACERVO DE MAIS DE 1 MILHÃO DE PÁGINAS
A Abin guardava, apenas em relação ao período compreendido entre 1964 e 1990, mais de 132 metros lineares de documentos sobre a ditadura, que englobam mais de 1 milhão de páginas. Ainda existem mais 220 mil unidades de microfichas encaminhadas pela Abin para digitalização no Rio de Janeiro. Todos os documentos foram encaminhados ao Arquivo Nacional, em Brasília.

"O sadismo reinava no DOI-Codi do Rio de Janeiro. Lá, tinha uma famosa geladeira e até uma cobra. Era um horror. Como o filho dele (general Belham) está na ponta da Abin? E não estou falando apenas como o filho de Rubens Paiva. Estou falando como um cidadão brasileiro. Não queremos revanchismo, mas é preciso que as pessoas venham a público. São crimes contra a humanidade que foram praticados", ressalta Marcelo Rubens Paiva.

A reportagem tentou entrar em contato com o general da reserva Belham, mas não conseguiu. Uma mulher, que não se identificou, atendeu o telefone celular e informou que o militar aposentado estaria viajando. Uma ex-cunhada, que mora no Rio de Janeiro, atestou que José Antonio Nogueira Belham está vivo, com 79 anos, e mora num apartamento em Brasília. Ela disse não ter mais contato com ele. A reportagem também tentou, em várias ocasiões, ouvir Ronaldo Martins Belham por meio da assessoria de imprensa da Abin, mas não foi possível. Ele foi informado do conteúdo da reportagem.

Até novembro de 2010, o militar ocupava o cargo de vice-presidente da Fundação Habitacional do Exército, responsável pelo controle da Associação de Poupança e Empréstimo, a Poupex. Ele foi exonerado pelo comandante do Exército, general Enzo Peri, por supostamente ter destratado viúvas de oficiais mortos no terremoto no Haiti, no início de 2010.

O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles, que integra a Comissão Nacional da Verdade e acompanha de perto o caso Rubens Paiva, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não falaria sobre o fato de o filho do general Belham ser o diretor-adjunto da Abin. Ele alegou que vários documentos ainda estão sendo investigados.

Na época em que a Polícia Civil gaúcha localizou papéis inéditos na casa de Molina, Fonteles afirmou categoricamente à imprensa que Rubens Paiva foi morto no DOI-Codi do Rio de Janeiro. “A prova documental é muito forte. Ela vem do próprio sistema ditatorial militar com a tarja de secreto. Para mim, está esclarecido. Só falta pontuar quem foi que matou. Quem matou, você não tenha a menor dúvida, foi o Estado ditatorial militar. Agora, alguém deu um tiro, alguém deu socos. Só falta saber o nome”, disse, no início do ano. (Colaborou Adriana Bernardes)   


Presidente da Comissão da Verdade quer demissão da Abin de filho de general



 
Wadih Damous defendeu neste domingo (9/6) a demissão do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham por suas ligações familiares com o general da reserva José Antonio Nogueira Belham

 
Publicação: 09/06/2013 11:45 Atualização: 09/06/2013 12:41
 
 
O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous defendeu neste domingo (9/6) a demissão do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham por suas ligações familiares com o general da reserva José Antonio Nogueira Belham. O seu pai foi chefe do DOI-CODI do Rio de Janeiro na época em que ex-deputado-federal Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, após ser preso e levado para o departamento.
Segundo Damous, a nomeação de Ronaldo Belham para cargo de diretoria da Abin é, no mínimo, inconveniente. "Ainda que ele nada tenha a ver com os episódios, hoje sob investigação, de torturas e desaparecimentos ocorridos à época da ditadura, a sua suspeição é evidente pelas funções que exerce atualmente". O filho do ex-chefe do DOI-CODI, detém o poder de filtrar e impedir que informações que receba daquele período venham a público, tendo em vista que o seu pai, sem sombra de dúvidas, está envolvido naqueles episódios.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) já publicou documento em que atesta que o general Belham recebeu, quando chefiava o DOI-CODI do Rio de Janeiro, dois cadernos de anotações que pertenciam a Rubens Paiva. O nome de Belham aparece escrito de caneta na folha amarelada como o responsável por receber o material. O subcomandante era o major Francisco Demiurgo Santos Cardoso. O documento que desmontou a versão do Exército foi encontrado, no fim do ano passado, pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na casa do coronel da reserva do Exército Julio Miguel Molinas, já falecido. A CNV tenta localizar o general da reserva Belham para que ele possa ser ouvido e explicar as circunstâncias da madrugada de 20 de janeiro de 1971.
 
 

Família teme obstáculos na apuração sobre morte do ex-deputado Rubens Paiva


 Fonte: Jornal Correio Braziliense
Publicação: 09/06/2013 07:56 Atualização: 09/06/2013 07:54

 
O atual diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham, com acesso direto, pela natureza do cargo que ocupa, a informações que ainda não vieram à tona sobre desaparecidos políticos da ditadura, é filho do general da reserva José Antônio Nogueira Belham. O militar era o chefe do DOI-Codi do Rio de Janeiro na época em que ex-deputado-federal Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, após ser preso e levado para o departamento. Ao saber da informação por meio do Correio, o filho de Rubens Paiva, o escritor Marcelo Rubens Paiva, afirmou que a relação de parentesco entre o número 2 da Abin e o general da reserva causa estranheza e extremo desconforto para a família. “O governo brasileiro precisa saber o que quer de verdade”, disse.

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O temor de Marcelo Rubens Paiva é de que, pela função de destaque que Ronaldo Martins Belham ocupa na Abin, ocorra algum tipo de filtragem institucional ou até obstaculação de informações essenciais que podem ajudar a desvendar a verdade histórica em relação à morte do pai. O corpo nunca apareceu. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) já publicou documento em que atesta que o general Belham recebeu, quando chefiava o Doi-Codi do Rio de Janeiro, dois cadernos de anotações que pertenciam a Rubens Paiva. O nome de Belham aparece escrito de caneta na folha amarelada como o responsável por receber o material. O subcomandante era o major Francisco Demiurgo Santos Cardoso. O documento que desmontou a versão do Exército foi encontrado, no fim do ano passado, pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na casa do coronel da reserva do Exército Julio Miguel Molinas, já falecido.

A CNV tenta localizar o general da reserva Belham para que ele possa ser ouvido e explicar as circunstâncias da madrugada de 20 de janeiro de 1971. “Imagine um dos filhos do Joseph Goebbels (ministro da propaganda de Adolf Hitler) com a chave de todos os arquivos de Nuremberg nas mãos. Sei que o general Belham ficou com os cadernos de anotações do meu pai. Há documentos que comprovam isso. Precisa ser investigado. Causa-me desconforto e estranheza saber que ele (Ronaldo) é filho do general Belham, mesmo que seja isento. Como, numa posição de destaque da Abin, ele vai facilitar a revelação de informações secretas que comprometam o pai?”, questiona Marcelo Rubens Paiva.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Estelionatário que atuava na ABIN foi condenado


Acesse no site Inteligência Operacional os documentos:

  1. Sentença condenatória da Justiça Federal do Pará
  2. MEMORANDO Nr 029/8600/ABIN/GSI/PR, Belém do Pará, de 28/02/2002, à Diretora-Geral da ABIN, MARISA ALMEIDA DEL'ISOLA E DINIZ
  3. MEMORANDO Nr 0032/8600/APA/ABIN, Belém do Pará, de 01/03/2002, ao Diretor de Segurança Orgânica DEPC/ABIN, JOSÉ DAVID DE OLIVEIRA
  4. MEMORANDO Nr 001/8630/SEGOR/APA, Belém do Pará, de 22/02/2002, ao Chefe da APA/ABIN, ARLINDO COLOMBELLI 
(Cadastre-se na "Área Restrita",  faça o download em "DOWNLOADS GRATUITOS" e acesse o menu "ABIN")


Após decorridos 11 anos, o estelionatário que atuava na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foi condenado à pena de 2 (dois) anos de reclusão pela Justiça Federal do Pará, conforme Sentença acima, de 28 de maio de 2013. 
No referido esquema criminoso, certidões de tempo de serviço eram vendidas dentro das instalações da ABIN, em Belém/PA (Rua Gaspar Viana, 485, 13º andar), por valores entre R$ 150,00 e R$ 300,00.
O início das denúncias, as quais não foram apuradas pela ABIN até a presente data, foi em fevereiro de 2002, conforme os documentos da ABIN acima referenciados.

Os dirigentes da ABIN responsáveis responderão judicialmente em ações judiciais específicas na Justiça Federal, em Brasília/DF.

O aprofundamento das investigações também apurará denúncias de que parte dos valores arrecadados era supostamente utilizada em operações clandestinas patrocinadas contra pessoas que detém informações sobre vítimas da guerrilha do Araguaia, ocorrida na década de 1970. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Carta à Inteligência Operacional

A propósito do artigo de André Soares intitulado "Os riscos do Treinamento Físico Militar", segue abaixo manifestação recebida por Inteligência Operacional sobre o assunto.

 
Prezado Tenente-Coronel André Soares,

Saudações!

Após ler sua matéria no Jornal do Brasil (em 02/06) que fala sobre os perigos da atividade física militar e os óbitos já registrados, tive a vontade de escrever-lhe porque este assunto, na verdade, é a ponta de um "iceberg" que insistimos em ignorar. Embora, eu não seja formado em medicina ou educação física, conheço muito bem a vida militar e sei das suas nuances, principalmente, sobre o tópico "Preparação Física". No seu artigo, citou exemplos trágicos ocorridos no Exército Brasileiro, mas a FAB e a Marinha também possuem esses tristes números, na sua maioria, envolvendo alunos da Escola Naval, Colégio Naval, EPCAR e AFA. Sabemos que as três Forças não possuem um padrão único de atividades físicas para seus militares, então, por que ocorrem essas semelhanças de óbitos durante atividades físicas e treinamentos? Talvez, uma visão mais ampla precise ser feita...

Sabemos que a atividade militar exige (ou deveria exigir) um padrão psicológico, físico, médico e de conhecimentos técnicos além do que pode ser encontrado na sociedade comum (por assim dizer). Todavia, é patente que os processos seletivos impostos para o ingresso, assim como, seus exames médicos obrigatórios estão, na minha óptica, muito aquém do que deveria ser cobrado. Nas três Forças Armadas, sem exceção, os exames médicos de ingresso e a anamnese são feitos de forma rudimentar. Muitos males, tais como: pressão alta, arritmia cardíaca, hérnias etc. só são descobertos por militares quando a situação se torna bem mais crítica, ao invés de serem detectados ainda no processo de seleção. Exames mais rigorosos mostrariam o que deveria ser feito para combater o mal e não apenas usar artifícios paliativos. O engraçado é que, em se tratando de exames para piloto de avião/helicóptero, forças especiais, mergulhadores, paraquedistas e escafandristas o nível de exigência e tipos dos exames médicos são completamente diferentes. O senhor bem disse em seu texto que a obesidade mundial representa um dos vilões desta história toda, entretanto, s.m.j., é muito difícil encontrarmos um militar, que se inclui neste grupo menor de atividades especiais militares, obeso ou com falta de preparo físico, pelo contrário, conheço alguns oficiais generais que exibem disposição e condicionamento por vezes superiores aos mais jovens. Não acredito que estes militares possuam algum dom mágico ou predestinação para desempenharem atividades especiais, mas sim, que o processo seletivo e os exames complementares exigidos são bem mais rigorosos.

O Brasil é um país de contrastes e a saúde, educação e alimentação sadia nunca foram assuntos muito privilegiados por nossos governantes. Como podemos exigir de nossos militares um desempenho físico, intelectual e médico de altos níveis quando nossa base de alimentação é completamente fora dos padrões necessários?  Nos quarteis, embora haja sempre vozes que alegam que os cardápios passam pelas mãos de nutricionistas, a alimentação oferecida está sempre ligada ao binômio "MAIS BARATO X MAIS SOBRA LÍCITA". Excesso de gordura, fritura, sucos industrializados, carência de diversidade de frutas etc. Logicamente que o resto do Brasil, como um todo, possa se alimentar do mesmo jeito, porém, na sua grande maioria, não são exigidos em suas plenitudes como os militares os são. Esse é o ponto. Em geral, durante um dia de expediente normal, nossos militares gastam apenas cerca de uma hora em prol de atividades físicas e o restante do tempo enfurnados em salas fechadas gerenciando o setor administrativo. Penso que isso deveria ser o contrário. Artes marciais, treinamento físico de qualidade, cursos específicos, acompanhamento médico-psicológico, dentre outros, deveriam ser prioridade durante o período de expediente normal, mas não são. Assim, quando "alguém se lembra" que é preciso formar novas turmas ou fazer testes anuais, começa a correria e os militares, em grande parte debilitados de alguma forma, são exigidos ao máximo por pessoas que, nem sempre, detém o preparo adequado para tais funções. O resultado é esse que o senhor apresentou: mortes durante treinamentos em tempos de paz. O senhor também percebeu que tais óbitos ocorrem, na maioria, com aspirantes, cadetes ou alunos sendo preparados para serem oficiais, assim como, forças especiais? Intrigante, não acha?

Certa vez, li uma reportagem que falava sobre as mulheres que servem ao Exército de Israel. Mostrou-se o tipo de treinamento delas, que era o mesmo aplicado aos homens. Arrisco a dizer que boa parte dos militares brasileiros não consegue ter o desempenho militar que as mulheres israelenses apresentam. Sabendo-se que Israel é um país que merece o respeito do mundo no que diz respeito às artes bélicas, podemos afirmar que as mulheres de lá são super-humanos? Óbvio que não. Talvez a diferença esteja justamente no modo de preparação e escolha de prioridades para o treinamento de seus militares.

Andando pelos vários quartéis brasileiros, é fácil observar que uma grande maioria não tem a higidez física e preparo psicológico para enfrentar um combate "amanhã". Até porque, conhecendo o histórico do Brasil no cenário mundial, não sofremos ameaças bélicas de outros países, como é o caso de Israel, EUA, Inglaterra etc. Os militares brasileiros vivem na latência de serem chamados para ocupar um morro ou fazer segurança de atividades políticas ou ajudar na segurança do carnaval de Salvador. Enquanto isso, o nosso preparo está cada vez pior e, infelizmente, continuaremos a ver que esses óbitos em tempos de paz, para muitos, tratam-se apenas de mais um número a ser substituído numa lista de computador. Tenho a convicção de que, em caso de uma possível guerra, estas ocorrências seriam muito maiores e os óbitos por falta de preparo adequado atingiriam valores alarmantes. Por isso, peço sempre a Deus:    " Livrai-nos da Guerra".

Parabéns por sua iniciativa em expor para a sociedade este quadro negro de nossas FFAA.

Cordialmente,

JPTR