A
derrota é o ônus dos que têm a coragem de lutar e não desmerece aquele
que lutou com bravura e perdeu com honra, pois este é o apanágio dos
nobres de caráter, que dignificam a própria derrota ante a vitória do
seu oponente. A revolução fracassada, ao contrário, é a luta perdida
contra a “vitória” da mediocridade, que vitima as sociedades e está
contaminando o Brasil.
“O que há de errado com os medíocres?”
A
princípio, nada! Mediocridade não é crime e não desabona seus
protagonistas, mas ser medíocre é ser sem relevo, sem expressão, sem
projeção, sem destaque, sem razão...sem tesão!
A “vitória” da
mediocridade não impedirá que no futuro próximo o Brasil goze de maior
projeção no cenário internacional e ascenda ao círculo das maiores
potências econômicas mundiais, como se está alardeando, pois a
“filosofia” da mediocridade possibilita obter certos “benefícios”, e o
crescimento financeiro-econômico é certamente o principal deles. Nesse
sentido, o Brasil está demonstrando ser um dos melhores países do mundo
para se ganhar dinheiro, pois ganhar muito dinheiro no país está cada
vez mais fácil. Entretanto, o que está se tornando cada vez mais raro é
que isso se dê honestamente – aí, está quase impossível. Evidentemente
que esse pequeno e irrelevante “detalhe” sequer preocupa, ou incomoda os
medíocres, pois este estado de coisas apenas sinaliza que a “vitória”
da mediocridade está próxima.
O Brasil está se transformando no
paraíso dos medíocres, os quais já dominam quase completamente todas as
expressões da vida nacional, não se restringindo apenas aos políticos,
os quais inclusive são injustamente acusados de serem os únicos, pois
continuam sendo legitimamente eleitos por uma sociedade de eleitores
igualmente medíocre, confirmando as palavras do sábio filósofo ao
demonstrar que: “...cada povo tem o governo que merece...”
Assim é
que “nunca antes na história desse país” o Brasil e os brasileiros foram
tão livres, independentes e soberanos na condução democrática do seu
próprio destino e na sua autodeterminação, como está ocorrendo
hodiernamente.
“Que assim seja!”
Todavia, as principais conquistas
da história da humanidade, em todos os povos, são decorrentes de
revoluções que inauguraram novas eras, novos tempos, cujos partícipes
são reverenciados com orgulho e admiração como líderes e heróis, e suas
realizações cultuadas como exemplos para as gerações futuras. Muitos
deles pereceram, é verdade, mas estes certamente compartilhavam do mesmo
espírito do nosso Vice-Presidente da República, José Alencar, em cujo
exemplo de vida tem revelado: “Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra”.Os
mais de 500 anos de história do Brasil são marcados por momentos
gloriosos e personalidades de grande envergadura que lutaram pelo
esplendor do país continental que temos hoje. O mesmo não se pode dizer
da história recente do país, lamentavelmente. A retrospectiva que se
fará num futuro não muito distante, certamente identificará em que
momento a então gloriosa história do Brasil degenerou para a “vitória”
da mediocridade, constituindo as páginas negras dos capítulos da
auto-desconstrução desse país, pois o Brasil já vive as graves e
destrutivas conseqüências da eclosão de enormes passivos produzidos por
gerações e gerações de medíocres.
Alarmismo? Teoria da conspiração?
Não!
Apenas a verdade de que a “vitória” da mediocridade tem um preço – o
futuro. E este não será o futuro das gerações atuais porquanto estas
estão se esbaldando na mediocridade e, evidentemente, não estarão mais
aqui quando o país se exaurir e a “festa” acabar.
Mas, “lutando”
contra a “vitória” da mediocridade se insurge no país a revolução
fracassada – a revolução dos outros medíocres, os perdedores por opção.
Seu contingente é enorme e estão por toda parte. São facilmente
identificados, pois sua principal “ação de combate” é reclamar. Reclamam
de tudo, de forma indiscriminada e compulsiva. Afinal, tudo está
errado, o mundo está errado! Soluções? Conhecem todas e resolvem
qualquer contencioso nacional e internacional com um discurso
teórico-abstrato afiadíssimo e impecável. Adoram o “campo de batalha” e
arriscam-se perigosamente contra o “inimigo” atacando-o com sua
verborragia retórica das tribunas, principalmente das salas de aula, das
assembléias, e do parlamento. Os medíocres “sem-tribuna” conspiram a
sua “revolta” nos bares, nos restaurantes e clubes, circunscritos às
“corriolas” e aos embriagados. Atualmente, atacam massivamente no mais
sangrento dos “campos de batalha” – a internet. São “exércitos” e mais
“exércitos” de medíocres lutando bravamente na web, mobilizando cada vez
mais “guerreiros” medíocres. Todavia, a despeito de possuírem um
efetivo monstruoso e do inigualável espírito “combativo”, se deparam com
sua única vulnerabilidade, porém insuperável – encontrar um líder que
os comande.
O final da luta da revolução fracassada contra a
“vitória” da mediocridade condena o Brasil ao inescapável futuro de que
“...será preciso perder, para dar valor...”. Este cenário de “metástase”
não será alterado, mesmo com os ingentes e pontuais esforços dos poucos
cidadãos e instituições dispostos ao “bom combate”, pois estes estão
cegos pelo “pecado da ingenuidade”, achando que vencerão este “câncer”
com aspirina. Se a “luz da esperança é a última que morre”, oxalá que os
nobres cidadãos do país despertem da ilusão, pois para evitar o futuro
infeliz é preciso lembrar que, se a derrota é o ônus da luta, a vitória
também tem o seu ônus, e este é saber e aceitar que “é muito perigoso libertar quem prefere a escravidão”.
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