A conspiração bolsonarista, que perpetrou os atos terroristas na Capital Federal, em 08/01/2023, é a reprodução malograda e às avessas da conspiração dos generais de Hitler na Operação “Valquíria”, deflagrada na Alemanha nazista, durante a 2ª Guerra Mundial (GM). Isso porque, se a conspiração dos generais alemães na Operação “Valquíria” visou ao assassinato do tirano e ditador Hitler, para a extinção do nazismo e encerramento da 2ª GM; já a conspiração bolsonarista visou diametralmente ao contrário: o assassinato da democracia e do estado de direito brasileiros, pela tomada violenta do poder pelos militares, para a implantação de uma ditadura no Brasil, liderada pelo ex-presidente perdedor, Jair Bolsonaro.
E as provas incontestes da Operação “Valquíria” bolsonarista começaram a ser reveladas a partir da recente descoberta da minuta de decreto presidencial, encontrada na residência de Anderson Torres, ex-ministro da justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro; que prescrevia uma inconstitucional decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A partir daí, avultam as semelhanças entre essa conspiração bolsonarista e a dos generais alemães nazistas.
Vejamos!
Inicialmente, os militares alemães modificaram o plano original da Operação Valquíria com a intenção de usar a força de reserva alemã para tomar o controle das cidades do país, desarmar a SS e prender a liderança nazista após o assassinato do ditador Adolf Hitler. Identicamente, a conspiração bolsonarista elaborou inconstitucional decreto presidencial, a ser assinado pelo então presidente da república Jair Bolsonaro, decretando estado de defesa no TSE, para fraudar a legitimidade da vitória do presidente Luíz Inácio Lula da Silva, nas eleições presidenciais de 2022.
A segunda semelhança está no duplo malogro, tanto da tentativa de assassinato de Hitler, que sobreviveu ao atentado à bomba de 20/07/1944, perpetrado pela conspiração nazista; como também da tentativa de assassinato da democracia e do estado de direito brasileiros, em 08/01/2023, perpetrado pela conspiração bolsonarista.
Mas, a principal semelhança entre a Operação “Valquíria” bolsonarista e a germânica é que ambas foram idealizadas, planejadas e executadas pelos militares. Todavia, importa ressalvar que os generais alemães conspiradores, os quais foram todos fuzilados posteriormente por ordem de Hitler, eram verdadeiros patriotas; enquanto os militares conspiradores brasileiros, que até o momento permanecem absolutamente incólumes ao rigor da legalidade, são verdadeiros traidores da pátria, e deveriam ser todos exemplarmente “fuzilados”, pelo estado democrático de direito vigente, para a salvação definitiva da democracia brasileira.
A sina presidencial de LULA: "O que fazer com a caixa-preta da ABIN?"
Artigo de André Soares - 01/01/2023
A
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foi criada no governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso, pela Lei 9.883, de 7 de dezembro
de 1999, como órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência
(SISBIN), cujo comando e poder avassalador foram usurpados do estado
brasileiro e entregues ao antidemocrático projeto de poder dos
militares. Ressuscitou-se assim no Brasil a “monstruosidade” do
famigerado Serviço Nacional de Informações (SNI), criado pela lei 4.341,
de 13 de junho de 1964; e extinto pelo presidente Fernando Collor de
Mello, 26 anos depois, em 1990; e cuja atual reencarnação, diretamente
subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República (GSI/PR), tornou-se o fatídico legado que o presidente Luíz
Inácio Lula da Silva recebeu de FHC, quando de seu primeiro mandato
presidencial. Na atual conjuntura, contando com 23 anos de
desvirtuamento institucional, a agência constitui a maldita sina
presidencial de Lula: o que fazer com a caixa-preta da ABIN?
Porque
foi principalmente durante a gestão dos mandatos presidenciais petistas
de Lula (2003/2011) e Dilma Rousseff (2011/2016) que a caixa-preta da
ABIN perpetrou seus crimes mais hediondos contra o estado e a sociedade
brasileira. Nesse sentido, lembremos que logo no início do primeiro
mandato presidencial de Lula, o Brasil foi vítima de uma tragédia que se
constitui no maior atentado à soberania nacional: a explosão do foguete
brasileiro VLS-1, no Centro de Lançamento de Alcântara/MA,
em 22/08/2003, que além dos incalculáveis prejuízos e do sério
comprometimento do estratégico projeto aeroespacial nacional, assassinou
impunemente 21 cidadãos brasileiros. A versão oficial do governo Lula
classificou essa hecatombe nacional como um infeliz “acidente”,
decorrente de deficiências técnicas; tudo isso para encobrir a escabrosa
irresponsabilidade, ineficiência e inação da caixa-preta da ABIN, ante à
agressiva espionagem internacional que já operava há anos em território
brasileiro, na localidade de Alcântara/MA, visando a não menos que a
sabotagem do projeto VLS.
Em
2004, o Tenente-Coronel do Exército Brasileiro André Soares, Oficial de
Inteligência da Presidência da República, como analista da
Coordenação-Geral de Contraespionagem e Análise do Terrorismo da ABIN,
denunciou pessoalmente e documentalmente ao presidente Lula, no Palácio
do Planalto, por intermédio do General Ministro-Chefe do GSI, um
festival de crimes hediondos perpetrados pela ABIN na “Operação
Mídia”. Decorridos mais de dezoito anos, temos hoje que a
irresponsabilidade criminosa do primeiro governo Lula, por não ter
apurado rigorosamente as denúncias do Tenente-Coronel André
Soares contra a ABIN na “Operação Mídia”, demandou no segundo mandato
presidencial de Lula, mais teratológicos crimes da agência contra o
país, na Operação Satiagraha (2008); cujos principais responsáveis foram
exatamente os mesmos dirigentes da ABIN denunciados
pelo Tenente-Coronel, quatro anos antes.
O
recrudescimento do caos da caixa-preta da ABIN vitimou também os
mandatos presidenciais de Dilma Rousseff, ao extremo limite da
ex-presidente ter expedido nota oficial, em 06/01/2019, intitulada “A
inteligência na qual não se deve acreditar”, destacando várias situações
de manifesta ineficácia do GSI e da ABIN/SISBIN durante seus mandatos
presidenciais, como a gravíssima espionagem em seu gabinete, no avião
presidencial e na Petrobras, realizada em 2013, pela National Security
Agency (NSA), dos Estados Unidos da América (EUA).
Em
22 de abril de 2020, na histórica reunião do presidente Jair Bolsonaro
com seus ministros de estado, a qual foi tornada pública pela sábia
decisão monocrática do então ministro Celso de Melo, do Supremo Tribunal
Federal (STF); a mais grave das irregularidades que ali foram
desveladas foram as veementes revelações proferidas a plenos pulmões
pelo presidente Bolsonaro sobre o caos da inteligência nacional,
manifestadas em suas seguintes palavras:
"Eu não posso ser surpreendido com notícias"
"A gente não pode viver sem informações"
"Eu tenho a inteligência das Forças Armadas, que não têm informações"
"A ABIN tem seus problemas, aparelhamento, etc..."
"A gente não pode ficar sem informações"
"O serviço de informações nosso, todos, é uma vergonha!, é uma vergonha!...eu não sou informado"
"Sistema
de informações, o meu funciona, o meu particular funciona,.... os que
tem oficialmente desinforma,.....eu prefiro não ter informações do que
ser desinformado pelo sistema de informações que eu tenho..."
Portanto,
dentre os inúmeros desafios do presidente Lula, inaugurando seu
terceiro mandato presidencial, ante ao colapso da atual conjuntura
nacional, a sua missão presidencial mais importante e difícil será a
destruição da caixa-preta dos serviços secretos. Pois eles constituem a
mais poderosa organização criminosa do país, absolutamente acima da lei,
vilipendiando os princípios constitucionais e o estado democrático de
direito vigentes; e que, se não forem destruídos urgentemente,
conduzirão o Brasil ao seu inexorável óbito.
Ademais, é
imperativo ao presidente Lula a antevisão de que a não solução de sua
sina presidencial poderá transformar-se em sua maldição. E que Lula
tenha a clarividência de não menosprezar a evidência de significativos
“sinais” históricos. Afinal, será precisamente no terceiro mandato
presidencial de Lula que a caixa-preta da ABIN comemorará seus 26 anos
de desvirtuamento institucional no país; exatamente a mesma idade com
que o desvirtuado SNI foi extinto pelo presidente Fernando Collor de
Mello. Assim, se Fernando Collor de Mello foi o presidente-exorcista dos
26 anos de “monstruosidade” do SNI, Lula estaria predestinado a ser o
presidente-exorcista dos 26 anos de “monstruosidade” da caixa-preta da
ABIN?
Predestinações
históricas à parte, importa que a nação brasileira auspicia que Lula,
como Presidente da República em exercício, esteja imbuído da coragem
moral, patriotismo e altivez dignos de um verdadeiro estadista, para
corrigir erros passados e honrar o cumprimento da mais urgente e
precípua missão presidencial: a completa extinção da caixa-preta da
ABIN; condição “sine qua non” para a edificação de uma nova e eficiente Inteligência de Estado e de um próspero Brasil.
“A Inteligência é um apanágio dos nobres. Confiada a outros, desmorona".
(Coronel Walther Nicolai - 1873/1934 - Chefe do Serviço de Inteligência do Chanceler Bismarck)