quinta-feira, 17 de março de 2022

A missão da inteligência brasileira: a defesa dos EUA

 

A missão da inteligência brasileira: a defesa dos EUA

Artigo de André Soares - 17/03/2022  

 Publicado no Consultor Jurídico (CONJUR) - veja aqui   

  

O jornal The New York Times publicou, em 16/03/2022, a matéria “Submarine Spy Couple Tried to Sell Nuclear Secrets to Brazil” (veja a íntegra da matéria), revelando que um engenheiro da Marinha americana (Jonathan Toebbe) e sua esposa (Diana) tentaram vender ao Brasil, em 2020, por intermédio da inteligência brasileira, milhares de fidedignos documentos sobre altos segredos da tecnologia de fabricação de submarinos nucleares norte-americanos, classificados no grau ultrassecreto.

Pergunta: O que fez a inteligência brasileira, como destinatária exclusiva desse extraordinário e fidedigno material sigiloso, sobre altos segredos de tecnologia de fabricação de submarinos nucleares dos EUA, de incomensurável valor científico, militar e estratégico em nível mundial; o qual é fruto de excepcional espionagem realizada exclusivamente por nacionais norte-americanos, espionagem esta que havia superado magistralmente todas as medidas de contrainteligência dos EUA; considerando principalmente que o projeto de construção do submarino nuclear brasileiro (1978), iniciado há quase meio século, representa um corolário de insucessos, correndo atualmente sério risco de “naufragar”?

Resposta: Acredite se quiser! Pois a inteligência brasileira não hesitou em imediatamente denunciar o eficiente casal de espiões americanos ao FBI (Federal Bureau of Investigation) dos EUA. Isso mesmo! O mesmo FBI, cujo chefe no Brasil, Carlos Costa, declarou internacionalmente, em 2004,  que “...a ABIN é uma agência de inteligência que se prostitui...”.

E a inteligência brasileira ainda fez mais: autorizou que o FBI se disfarçasse oficialmente como sendo o governo brasileiro, fazendo assim o Brasil patrocinar uma investigação de natureza exclusivamente estadunidense, sobre as gravíssimas falhas de sua contraespionagem.

E quanto ao governo brasileiro?

Até o momento, a única manifestação do governo brasileiro a esse respeito é o seu mais absoluto e comprometedor silêncio.

Como terrível agravante, até mesmo a mídia nacional está referendando essa nefasta atuação da inteligência brasileira neste episódio. Afinal, quando que os melhores serviços secretos do mundo, como dos EUA, Israel, Inglaterra, França, Alemanha, etc, denunciaram ao Brasil os espiões traidores brasileiros, dentre os inúmeros dirigentes da inteligência nacional, bem como nossos governantes, autoridades públicas, políticos, grandes empresários, etc, que lhes vão sistematicamente vender segredos estratégicos e cruciais sobre o Brasil?

A verdade estarrecedora e absolutamente inaceitável sobre o caos da inteligência brasileira, cuja criminalidade e degenerescência vilipendiam o estado democrático de direito vigente, há muito já foi escancarada internacionalmente pessoalmente pelos próprios presidentes do Brasil: Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff.

Nesse sentido, lembremos que em 06/01/2019, a ex-presidente Dilma Rousseff criticou duramente as declarações do atual chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, que em seu discurso de posse afirmou que o sistema de inteligência brasileiro foi “derretido” pela petista, uma vez que a “senhora Rousseff não acreditava na inteligência”. Em sua nota, intitulada “A inteligência na qual não se deve acreditar”, a ex-presidente Dilma destaca várias situações em seu mandato de manifesta ineficácia do GSI e da ABIN/SISBIN (Agência Brasileira de Inteligência e Sistema Brasileiro de Inteligência), como a gravíssima espionagem em seu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras, realizada em 2013 pela NSA (National Security Agency) dos EUA.

Em 22 de abril de 2020, na histórica reunião do presidente Jair Bolsonaro com seus ministros de estado, a qual foi tornada pública pela sábia decisão monocrática do então ministro Celso de Melo do STF; a mais grave das irregularidades que ali foram desveladas foram as veementes revelações do presidente Bolsonaro sobre o caos da inteligência nacional, manifestadas em suas seguintes palavras:

  • "Eu não posso ser surpreendido com notícias"
  • "A gente não pode viver sem informações"
  • "Eu tenho a inteligência das Forças Armadas, que não têm informações"
  • "A ABIN tem seus problemas, aparelhamento, etc..."
  • "A gente não pode ficar sem informações"
  • "O serviço de informações nosso, todos, é uma vergonha!, é uma vergonha!...e não sou informado"
  • "Sistema de informações, o meu funciona, o meu particular funciona,.... os que tem oficialmente desinforma,.....eu prefiro não ter informações do que ser desinformado pelo sistema de informações que eu tenho..."

Portanto, conquanto tardiamente, tem-se inconteste a comprovação tácita e oficial de dois presidentes do Brasil, politicamente adversários, sobre o que venho denunciando a respeito da caixa-preta dos serviços secretos brasileiros, há mais de 20 anos: trata-se da organização criminosa mais poderosa do país, absolutamente acima da lei, perpetrando crimes hediondos contra o estado e a sociedade brasileira, sendo hospedeiro de serviços secretos estrangeiros e organizações criminosas; cujo câncer fulminante em metástase terminal, levará o Brasil a óbito; mas sem jamais descurar de sua precípua missão: a defesa dos EUA.


 

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