terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Vingança



"...Qualquer semelhança com INTELIGÊNCIA OPERACIONAL poderá não ter sido mera coincidência..."


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“A Vingança é um prato que se come frio” é, paradoxalmente, expressão de grande notoriedade, mas de significado desconhecido pela maioria. Ela significa que a consecução da vingança é um prazer tão arrebatador que se assemelharia a uma comida tão especialmente saborosa que sequer precisaria ser aquecida. Pois, a vingança é indubitavelmente um dos mais avassaladores prazeres que se pode sentir. Significa também que, contrariamente ao pensamento unânime que a condena a ser exclusivamente um sentimento vil; ela também pode ser nobre e justa. Isso porque a vingança, em sua genealogia, pode ser oriunda de duas motivações distintas: a inveja e a injustiça.
Assim, a vingança motivada pela inveja é evidentemente um sentimento vil e abjeto porque é próprio do espírito das pessoas indignas, patologicamente egoístas e com elevado complexo de inferioridade, para quem assistir ao sucesso alheio representa um sofrimento insuportável, especialmente se tiverem sido preteridas em decorrência dele. Destarte, revoltadas por não terem sido contempladas com o beneplácito das pessoas privilegiadas, ou com a maestria e virtuosismo das bem-sucedidas, e ainda sentindo-se prejudicadas e ameaçadas pelo seu êxito, tornam-se pessoas amarguradas e contaminadas pela inveja, cujo ódio alimentado progressivamente deságua no seu destino final - a vingança.
Exemplo clássico, potencialmente perigoso na vida real, conquanto aparentemente inofensivo por se tratar de obra de ficção, está na famosa história infantil “Branca de Neve e os 7 anões”, conhecida por todos. Nela, a rainha má trama e ordena a morte da Branca de Neve, motivada exclusivamente por sua inveja da beleza esplendorosa da jovem beldade, que ingenuamente desconhecia que o sucesso é uma fonte inesgotável de inimigos porque fomenta a inveja alheia. Todavia, se no conto de Branca de Neve a rainha invejosa não foi bem-sucedida em sua vingança, na vida real muitas vezes não acontece o desejado final feliz. Porque a vingança de pessoas invejosas se reproduz tragicamente na realidade da vida de muitas pessoas que, à semelhança da ingênua Branca de Neve, sequer perceberam que foram vítimas do próprio sucesso.
Por outro lado, a vingança motivada pela injustiça pode ser nobre e justa. Embora sejam raros, podemos citar o exemplo recente da história internacional, referente ao atentado terrorista ocorrido na olimpíada de Munique de 1972, matando vários atletas da delegação israelense, que ficou conhecido como “Massacre de Munique”. Em resposta a esse ato hediondo contra o estado de Israel, que vitimou covardemente e violentamente inocentes cidadãos daquele país, o governo israelense, por decisão da sua primeira-ministra Golda Meir, determinou ao seu Serviço Secreto, conhecido como “Mossad”, a realização de uma operação sigilosa encoberta para caçar em todo o mundo e eliminar os mentores e autores do referido atentado. E, pouco tempo depois, a maioria deles foi e "misteriosamente" assassinada.
A despeito das inúmeras e polêmicas considerações que poderão ser suscitadas sobre justiça e ética, vale destacar que, a despeito de eventualmente serem todas relevantes, em se tratando de vingança serão todas não pertinentes. Isso porque a vingança motivada pela injustiça é originalmente sempre nobre e justa porquanto é exclusivamente avaliada segundo os valores próprios do espírito de quem se vinga. É por isso que este não se sente vingativo, mas sim justiceiro, sendo dominado pelo êxtase e realização pessoal, sem qualquer arrependimento pelo ato da sua vingança, o qual ficará eternizado meritoriamente em sua história de vida. 
Ainda inquietante é saber que assim como a vingança pode ser vil ou nobre, ela também pode destruir ou salvar o seu protagonista. Porque a pessoa que arquiteta a sua vingança contra outrem motivada pela inveja tem a alma inoculada pelo próprio veneno, que poderá destruí-la a si mesma, antes mesmo de concretizar o seu intento. Mais perturbador é saber que a vingança motivada pela injustiça é salvadora, pois a alma alimentada pelo sentimento libertador da ética e justiça fortalece em energia o espírito pela vingança, dia a dia.
Portanto, como a história está a nos demonstrar a inexorabilidade da contraditória divergência axiológica da humanidade, especialmente quanto ao significado dos valores de justíca e ética; a vingança, em suas diversas matizes, continuará eternizada entre os homens como poderoso instrumento de glorificação da vida contra a injustiça, eternizando também a dúvida sobre quando a legitimidade de sua servidão estará a serviço dos propósitos de deus, ou do diabo.

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