“Decifrar”
 pessoas é o desafio de conhecer o ser humano cada vez mais e 
plenamente, que perpassa os tempos, no qual a humanidade tem se 
empenhado incansavelmente, pelo incomensurável valor que estes 
conhecimentos representam. A felicidade e o sucesso são intrínsecos a 
lidar com pessoas, seja consigo mesmo, na família, no trabalho, na vida 
social, na política, no amor, no sexo, na paz e na guerra . Do 
misticismo à bruxaria, da arte à ciência, o “vale tudo” pela expertise 
de “decifrar” pessoas se justifica tanto nos incontáveis argumentos pela
 benemerência universal, como nos encobertos propósitos de manipulação 
humana.
Apesar
 das várias descobertas e conhecimentos produzidos sobre o comportamento
 humano a maior dificuldade em desvendá-lo decorre da natural 
contrapartida de defesa contra esta ação de investigação, que se 
manifesta na extraordinária capacidade psicossocial do ser humano de 
enganar e se auto-enganar, induzindo a erro com maestria a todos e 
inclusive a si mesmo, sobre a verdade da sua própria natureza.
O
 resultado final mais efetivo no convívio e relacionamento humanos é que
 as pessoas se tornaram muito mais hábeis em enganar o outro do que em 
conhecê-lo. Conseqüentemente, as ações propositivas individualmente 
envidadas no sentido de “decifrar” as pessoas, na sua maioria, resultam 
muito mais em erros que acertos. Assim, paradoxalmente aos avanços nos 
estudos da psique, avulta a crescente epidemia de crises e transtornos 
mentais que vem comprometendo gravemente a saúde das pessoas na 
atualidade, os quais são decorrentes principalmente das frustrações, 
insucessos e fracassos nos relacionamentos inter e intrapessoais, que 
inspiram grande preocupação nos principais fóruns internacionais 
dedicados a este mister. 
Se
 na atual conjuntura o desafio de “decifrar” pessoas está cada vez mais 
difícil, merece destacar dois princípios fundamentais que retratam com 
grande objetividade e fidedignidade um dos principais elementos 
determinantes do comportamento humano – a personalidade.
“Quer decifrar pessoas?” 
Então, conheça as suas personalidades.
 “Quer conhecer a personalidade de alguém?”
Então, conheça o seu passado, pois “as pessoas são escravas do próprio passado.”
O
 passado é o “retrato” de cada pessoa e a amostra fiel do “DNA” da sua 
personalidade, do qual não se pode fugir. Mas, conheça-o o mais 
integralmente possível, atentando para o fato de que como as pessoas 
escondem o passado que não lhes agrada é este lado obscuro o que há de 
mais revelador sobre as suas personalidades. 
Merece
 especial atenção saber que ainda pior que aquele que tem um passado a 
esconder é aquele que o renega. Estes, em geral, afirmam terem se 
redimido dos erros anteriormente cometidos e se transformado em “novas” 
pessoas, a partir de então. Mentira!  Nada mais falso e traiçoeiro! 
Reconstruir a vida a partir dos próprios erros só é possível, verdadeiro
 e autêntico assumindo-os e “carregando a cruz” do próprio passado. 
Querer “apagá-lo” é renegar-se a si próprio, e só faz evidenciar aqueles
 que na verdade têm vergonha de si mesmos, pois sabem o que realmente 
são, e indubitavelmente continuarão a ser.
“Quer conhecer a personalidade de alguém?”
Então, conheça o seu exemplo, pois nada é mais verdadeiro sobre uma pessoa que as suas ações e inações.
Se
 também podemos identificar indícios da personalidade humana nas 
manifestações do seu comportamento por meio das palavras, dos gestos, 
dos desejos, das intenções, das idéias, dos sonhos, etc, por outro lado 
são as suas ações e inações o que há de mais crível e cabal sobre 
alguém. O que uma pessoa faz é exatamente o que ela é, e o verdadeiro 
ser de uma pessoa se revela integralmente no que ela faz, ou deixa de 
fazer. Nada é tão simples e ao mesmo tempo tão difícil e doloroso de 
aceitar como esse fato, pois as pessoas preferem se iludir no erro de 
imaginar que a personalidade do ser humano pode transcender às suas 
próprias ações. Ledo engano!
A
 arte de “decifrar” pessoas requer a coragem de perscrutar a verdade e 
aceitá-la, pois para conhecer verdadeiramente o outro é necessário, 
antes de tudo, conhecer verdadeiramente a si próprio. Portanto, 
investigando passado e o exemplo, “decifra-se” toda e qualquer pessoa. 
Significa dizer também que seja lá qual forem o seu passado e o seu 
exemplo, é exatamente isso o que você é.
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