sábado, 24 de dezembro de 2011

Corrupção - o "câncer" das sociedades

A corrupção é um “câncer” que acomete os organismos sociais com “baixa imunidade”, cuja “metástase” acarreta a destruição fulminante das sociedades "contaminadas", condenando seus indivíduos à indignidade.  O Distrito Federal (DF), capital federal da República, e a respectiva sociedade brasiliense, representativa dos mais elevados padrões sociais, econômicos e educacionais do país são, atualmente, o “melhor”, ou o “pior” exemplo desta realidade no Brasil. 
O DF está gravemente “doente”, há muito tempo. Só não sabiam disso os “cegos” - aqueles que não querem “ver”. Agora o DF está na UTI e necessita de intervenções “cirúrgicas” urgentes para evitar o “óbito”, “metastaseando” de morte todo o país.
O escândalo da corrupção institucional e generalizada existente no DF, envolvendo suas autoridades máximas, governantes e poderes constituídos, foi revelado e escancarado à sociedade brasileira e ao mundo, exibido em cenas quase cinematográficas de áudio e vídeo. Este é um filme real de mafiosos do crime organizado exercendo suas atividades criminosas no país, protagonizado pessoalmente pelo próprio governador do DF, diversos de seus assessores, vários deputados distritais, empresários, com a participação especial coadjuvante do vice-governador do DF.
Combater a corrupção constitui tarefa permanente dos governos, organizações e cidadãos, com medidas de ordem preventiva, corretiva e ofensiva. Esse mister implica o concurso concomitante de importantes ações sobre o tecido social como educação, fiscalização, auditoria, transparência e publicidade, apuração de irregularidades e ilícitos, aplicação da justiça, com o pleno exercício da democracia.
Todavia, extirpar o "câncer" da corrupção implica destruí-lo completamente, pois a sobrevivência de qualquer "célula cancerígena" demandará outros "focos" ainda mais agressivos, a exemplo do próprio governador do DF que, reincidente em crimes dessa natureza, já auspiciava politicamente alcançar a Vice-Presidência da República.  
Nesse sentido, ponto de inflexão fundamental a ser superado pelo estado consiste na decisão social entre conviver com a corrupção, ou destruí-la. As sociedades que optarem pela própria sobrevivência devem se preparar para a ofensiva, pois combater a corrupção implica também em enfrentá-la por pessoas completamente “imunes”; pois caso contrário o “contágio” será inevitável e fatal. 
Todavia, a sociedade brasileira em geral não superou esse decisivo ponto de inflexão, iludida com ações demagógicas e paliativas de suposto enfrentamento da corrupção, e se auto-enganando com a ingenuidade do aperfeiçoamento democrático decorrente unicamente do exercício do voto nas próximas eleições.
Se esperança há, decorre da ação heróica daqueles que estão “em combate” diuturnamente, como é o caso do Ministério Público e da Polícia Federal, implacáveis contra a corrupção no país, e que desvelaram mais esse escandaloso crime no DF, com destacado brilhantismo e eficiência.
Não há dúvidas de que o país assiste à falência da governabilidade do DF, decorrente da corrupção institucional generalizada e comandada amplamente pelo crime organizado, com desdobramentos ainda não revelados, ensejando a devida e urgente intervenção federal.
Esta é a manifestação oficial e pública do Procurador-Geral da República Roberto Monteiro Gurgel Santos, representante máximo do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal; revelando não apenas a gravidade do quadro institucional nacional, como demonstrando também a coragem dos integrantes do MP, cientes de estarem engajados no enfrentamento de níveis ainda mais elevados de corrupção no país.
A triste verdade que os brasileiros “cegos” não querem “ver” é que esse estado de coisas no DF nada mais é que uma amostra representativa da atual conjuntura nacional, na qual a corrupção se instalou em toda estrutura estatal, nos poderes constituídos da república, e em todos os seus níveis.
Intervenção federal resolverá todo problema? Certamente não, mas o pleno exercício da cidadania exige que a sociedade brasileira imponha o seu Estado de Direito aos governantes que se esquivarem de aplicá-lo. Caso contrário, este será mais um capítulo da vergonhosa história da corrupção republicana desse país.
A “guerra” contra a corrupção no Brasil não será vencida somente com a ingente atuação do Ministério Público e da Polícia Federal porquanto os “combates” futuros serão ainda mais “sangrentos”, pois se trata da luta do estado constitucional contra o “estado corrupto”, e este é poderoso e traiçoeiro. Conquistar essa vitória requer a ação enérgica e patriótica dos homens e mulheres dignos desse país, dispostos a esse “bom combate”, o qual é apanágio dos nobres. Caso contrário, restará à sociedade brasileira a alternativa de conviver com a corrupção, conquanto seja esta a alternativa dos corruptos, pois sociedade “cega” é aquela que não quer “ver”.

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