quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A inteligência do casamento

Artigo de André Soares - 18/09/2010.



 
Casamentos não "dão certo", nem mesmo por amor.
Somente quem repousar um olhar crítico sobre a realidade verá isso.
Casamentos nunca “deram certo”, embora sempre há quem insista em se iludir que o seu será diferente, comprovando, assim, essa máxima em sua própria vida.
Antes, porém, que os discordantes precipitados “engatilhem suas armas” afirmando a existência de inúmeros casamentos felizes (referindo-se, provavelmente, aos seus), vale dizer que não se está negando a existência desses casamentos. Até porque casamentos que não “dão certo” podem ser felizes, uma vez que cada um entende a sua felicidade como quiser. Todavia, a eventual felicidade de um casamento não altera o fato de que eles não “dão certo”.
É importante destacar, também, que não se cometerá aqui a hipocrisia e a estupidez de:
  1. Alimentar o auto-engano dos mal-sucedidos no casamento que insistem em continuar errando;
  2.  Fazer apologia contra o casamento; porque se é verdade que casamentos não “dão certo”, também é verdadeiro que casamentos são inevitáveis.
Onde está o problema?
É exatamente aí que as pessoas erram novamente, pois não há problema algum com o casamento em si, o qual está cada vez mais cumprindo rigorosamente o seu propósito de “não dar certo”.
O problema está exclusivamente nas pessoas, que sempre insistem em contrariar esse fato, agravando seus próprios problemas.
Por que?
Porque homens e mulheres não sabem se casar.
Quer ver?
Inicialmente, homens e mulheres partem para o casamento (o primeiro), completamente enganados quanto ao que o casamento é de fato e, portanto, despreparados.
Resultado:
Estrondoso fracasso, que está estampado nas estatísticas oficiais sobre separações e divórcios e no próprio cotidiano, onde se verifica a olhos vistos que os casais separados são cada vez mais a regra que a exceção, corroborando a afirmação anterior.
O que acontece depois?
Mesmo tendo sido mal-sucedidos(as), homens e mulheres (separados do primeiro casamento) partem para um segundo.
Então, o erro se agrava, pois alegam estar mais “experientes” para um segundo casamento, pela “experiência” do primeiro.
Ledo engano!
Estão ainda mais despreparados, pois a outra verdade inconveniente é que homens e mulheres separados num primeiro casamento efetivamente fracassaram. Então, o que eles realmente têm é a experiência do fracasso, não a experiência do sucesso que é a verdadeira e legítima experiência do casamento, que ex-casados evidentemente não alcançaram.
Portanto, ex-casados que partem para um segundo casamento estão exponenciando as probabilidades de novo fracasso porque, em verdade, se trata de pessoas que estão repetindo um empreendimento no qual já demonstraram não terem a devida competência.
Se ainda discordar, então responda:
Você contrataria um profissional reconhecidamente mal-sucedido? Porque uma pessoa de bom senso certamente não o faria.
Então, porque casar-se com uma pessoa reconhecidamente mal-sucedida no casamento?
Essa situação é ainda agravada se os dois cônjuges são ex-casados, pois nesse caso, o novo casamento nasce sob a influência do insucesso, não de um, mas dos dois.
Para piorar e comprometer ainda mais as pífias chances de um futuro bem-sucedido desse novo casamento, o mesmo está originalmente condenado a herdar o triste legado de problemas dos casamentos anteriores de seus cônjuges.
Nesse mister, vale destacar a sabedoria bem-humorada de Luis Fernando Veríssimo sobre esse assunto, em seu artigo intitulado “a segunda”; referindo-se à segunda esposa (embora também valha para “o segundo” marido).
Nele, o ilustre escritor comenta que “...os homens são tão despreparados para o primeiro casamento, que se casam achando que sabem escolher uma mulher, quando ainda nem sabem escolher uma gravata...”.
E o que dizer, então, dos que partem para o terceiro, quarto... casamento?
Quem quiser, que então veja o que diz o grande “Veríssimo”.
Portanto, homens e mulheres muito têm o que reaprender sobre o casamento, que é uma das decisões mais importantes em suas vidas e principalmente porque, como foi comentado anteriormente, são inevitáveis; pois, já dizia Sócrates, desde a antiguidade:
“De qualquer das maneiras casa-te. Se arranjares uma boa mulher, serás feliz. Se arranjares má esposa, tornar-te-ás um filósofo.”
Todavia, há também uma antiga máxima, cuja sabedoria é especialmente válida para a reflexão daqueles que pretendam se aventurar no casamento:
“Antes só, do que mal acompanhado(a)”.

Continua.

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