quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Chefia e liderança III - A Inteligência da "mediocridade"

Artigo de André Soares - 15/11/2010.

Vivemos numa era de euforia por lideranças, pois todos querem e são líderes.
Se você é um deles, boa sorte!
Mas, pense bem, ser o líder é uma estratégia inteligente?
Se você respondeu que sim, errou; pois a resposta certa é depende; porque há certas situações em que ser o líder é, ao contrário, a pior estratégia.
É por isso que, na história da humanidade, há líderes e “líderes” porquanto o verdadeiro e autêntico líder sabe exatamente quando não vale à pena exercer a liderança, devendo decliná-la aos medíocres.
Veja, como exemplo, a história política contemporânea do nosso próprio país, repleta de “líderes”, os quais são exaltados à toda sociedade pela mídia em geral e ensinados aos nossos jovens nas escolas e universidades, consagrados como grandes “lideranças” da nossa história oficial.
Ledo engano acreditar nisso porque na sua história real o Brasil sofre há décadas pela ausência da verdadeira e autêntica liderança no cenário político nacional, sendo esses “líderes” oficiais, verdadeiramente, pseudo líderes.
Não se esqueça que líderes são pessoas inteligentíssimas e sempre estão muito à frente do seu próprio tempo, antevendo a realidade em que vivem. Por isso, dentre outras, uma de suas estratégias fundamentais é a de escolherem seletivamente os seus liderados, nunca aceitando serem escolhidos por eles. Isto porque líderes não compactuam com a mediocridade por saberem que a verdadeira e autêntica liderança não é possível de ser alcançada liderando-se medíocres. Assim, ao não encontrarem as reais condições para exercerem suas lideranças, os verdadeiros e autênticos líderes simplesmente se recolhem, deixam de se manifestar, cuidando para não ficarem em evidência, pois sabem que não é o momento de serem revelados. Sabendo também que o universo da mediocridade vive a realidade do fracasso, retiram-se dando espaço a que os oportunistas de plantão se ocupem de “liderar” esses exércitos de medíocres, conduzindo-os ao infeliz destino que os espera.
Assim, nessas condições, paradoxalmente, os verdadeiros e autênticos líderes acabam por encontrar sua melhor proteção escondendo-se no universo da própria mediocridade que tanto detestam. Todavia, não fazem isso passivamente, pois estão silentemente construindo a verdadeira e autêntica liderança que renascerá repentinamente, ingente e vitoriosa.
É assim que nascem as grandes revoluções, a exemplo da Revolução Francesa, comemorada como um dos mais importantes marcos históricos de libertação dos povos, cujo episódio da Tomada da Bastilha representa perfeitamente a Inteligência da “mediocridade”, pois ali é que se revelavam os verdadeiros e autênticos líderes da nova era que nascia.
Portanto, ao olhar a conjuntura atual do Brasil, repleta de “líderes” de ocasião a conduzir nosso país ao infortúnio, a única esperança é desejar que a avassaladora mediocridade que domina nossa sociedade esteja a encobrir a eventual existência de uma inteligência silente que seja a verdadeira e autêntica liderança. Todavia, não se esqueçam que, nessas condições, o nascimento de uma nova era sempre demanda elevado custo, pois a atual exaltação que se faz hoje à Revolução Francesa e à Tomada da Bastilha é a comemoração do que foi, verdadeiramente, uma guerra fratricida, banhada num oceano de sangue que se esvaiu do coração da nação francesa.

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