quarta-feira, 12 de setembro de 2012

As próximas eleições

Artigo de André Soares - 23/08/2010.

Estamos no epicentro de mais uma disputada eleição presidencial e a sociedade brasileira está novamente iludida na expectativa de que o seu futuro e o futuro do país dependerão fundamentalmente desse resultado. Qualquer que seja o(a) próximo presidente(a) da república eleito(a), fará alguma diferença? Preferências eleitorais à parte, se o destino de um país e de seus cidadãos está subordinado ao personalismo de seus presidentes da república, significa que o processo eleitoral desvirtua-se da cidadania e um país assim está fadado ao infortúnio. Isto porque em uma nação forte e democrática independe quem será o próximo presidente eleito; pois o seu destino é determinado e comandado exclusivamente pela autoridade da sociedade que a legitima e não pela vontade pessoal dos que estão eventualmente investidos em cargos eletivos.
Evidentemente que as eleições são um marco histórico importante na agenda política de qualquer país democrático e merece todo o empenho cívico de seus cidadãos; mas a construção e a condução de uma nação vão muito além da escolha de vereadores, deputados, prefeitos, governadores, senadores e presidentes da república. Estes, na verdade, são “operários”, temporariamente a serviço do estado, comprometidos em cumprir com máxima eficiência, publicidade e transparência as políticas públicas, visando à consecução dos objetivos nacionais. Se isto não está acontecendo no Brasil, então estamos com problemas e nossa história política revela que nosso país não incorporou essas premissas fundamentais de soberania, pois o Brasil muda de rumo a cada novo presidente. Somos uma nação sem um projeto de futuro, vulneráveis à incerteza e à insegurança do que está por vir e liderados por governantes que ‘venderam a alma’ pelo do poder, a qualquer preço. 
Estamos à deriva porque nossa sociedade está aprisionada ao ciclo vicioso da mentira que nos impuseram acreditar que a única e legítima ação cidadã para a solução dos problemas nacionais é o exercício do voto nas próximas eleições, sob a pseudo e imaginária suposição de haver nesse processo uma natural ‘purificação’ político-eleitoral do país. Pura ilusão! E há tempos os brasileiros têm plenas evidências desse terrível engano, pois nossa história republicana já demonstrou sobejamente que a mudança dos partidos políticos nacionais e seus respectivos candidatos no poder tem representado o mesmo que “trocar seis, por meia dúzia”.
Todavia, não precisaríamos desperdiçar décadas da nossa preciosa história para descobrirmos o que o grande filósofo já declarou ao mundo séculos atrás, ao nos ensinar que “cada povo tem o governo que merece”. Essa é a relação de causalidade que governa a humanidade, pois um país é o retrato fiel de sua sociedade, não de seus governantes. Significa que para mudar uma nação é preciso mudar o seu povo, não os seus políticos.
Não é de mais um presidente da república para governar o Brasil que estamos precisando, pois presidentes, parlamentos e instituições são apenas nossos serviçais. Precisamos, sim, decidir amadurecer, ou estaremos condenados a continuar “navegando” à mercê dos populistas oportunistas, dos conchavos partidários, da politicagem, e da corrupção institucionalizada, cujo futuro inglório será abandonado pela sorte e pela benção divina.
O que fazer? Há duas alternativas: mudar a sociedade, ou mudar você. Mudar a sociedade brasileira representa empreender uma verdadeira revolução nacional. A mesma revolução fracassada que vem sendo prometida há décadas por nossos políticos e que se tornou a estratégia fraudulenta mais bem-sucedida em eleger presidentes - e continua sendo. Por outro lado, mudar você é a origem de tudo, por onde tudo começa. Dessa forma, mesmo que você não consiga mudar o Brasil, poderá se tornar um dos vitoriosos e raros brasileiros não comprometidos com esse estado de coisas e que construíram seu próprio destino independentemente do personalismo de nossos governantes. Caso contrário, restar-lhe-á ainda uma última e infeliz alternativa: confiar o seu futuro ao acaso do resultado das próximas eleições.

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