quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"Si vis pacem, para bellum” - II

Artigo de André Soares - 11/11/2010.

Uma mensagem filosófica conta a história de uma pessoa que pediu a um sábio que lhe transmitisse um grande ensinamento de vida. O sábio lhe entregou duas mensagens lacradas, dizendo-lhe laconicamente que somente as abrisse no pior e no melhor momento de sua vida, respectivamente. A pessoa retirou-se deveras decepcionada com o silêncio do tal sábio e seguiu o seu caminho. Muito tempo depois, sua vida transformou-se num turbilhão de infortúnios, caindo em desgraça. Desesperada e perdida, sem ter a quem recorrer, essa pessoa lembrou-se, então, da sugestão oferecida pelo desacreditado sábio, resolvendo assim resgatar aquelas antigas mensagens, já esquecidas. Ao encontrá-las, abriu a primeira delas e a mensagem que ali estava dizia:

“Isso vai passar!”

Decepcionada mais uma vez, esperançosa que  estava de encontrar ali sua salvação milagrosa, ao mesmo tempo, essa pessoa teve o ímpeto desesperador contido, pela reflexão suscitada pela lacônica mensagem, incitando-a à coragem de suportar a dificuldade e a dor que vivia naquele momento. Assim, dia após dia, fortalecendo-se com a lembrança dessa mensagem, começou a reconstruir sua vida a partir do aprendizado que soube acumular com os próprios erros.

Desta forma, sua vida derivou-se gradativamente para um mar de alegrias e realizações. Algum tempo depois, feliz, extasiada e sentindo-se poderosa com o próprio sucesso que alcançou, a pessoa lembrou-se da sugestão oferecida pelo antigo sábio, a quem atribuía agora ter sido seu salvador. Resolveu, então, resgatar a antiga mensagem, também já esquecida. Ao encontrá-la e abrindo-a, leu o último ensinamento que dizia:

“Isso, também, vai passar!”

Que essa sabedoria sirva para iluminar a vida das pessoas que, a exemplo da sociedade brasileira, caminham às cegas na ilusão benfazeja do próprio destino; pois, da mesma forma, a sabedoria milenar nos ensina: “Si vis pacem, para bellum”, que significa: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra” – pois ela sempre vem.

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